Trilha sonora, efeitos visuais, conceito de arte, direção, história… Todos esses elementos fluem como vento. Sem parar. Não temos tempo para respirar, apreciar. Dar pause não é uma opção. Os enquadramentos são sutis, leves, quase imperceptíveis, nos tornamos os expectadores de uma história passivelmente proibida, do primeiro amor ao redescobrimento de si mesmo.
A chuva é o personagem principal. Esperamos por ela, torcemos para que ela apareça e siga contando os percalços dessa história solta. Não estamos preocupados com frequências escolares, com relacionamentos que terminaram de uma forma ruim, mas sim se a chuva irá voltar, cair e permitir que essas duas almas, em busca de um propósito, possam se encontrar.
A criação artística desse curta merece uma contemplação a parte. Luz, montagem, distribuição de cor, cinematografia, design de produção, efeitos visuais… Não há um só defeito, uma só coisinha que poderia ser feito diferente, para melhor ou pior. E é aqui que reside o meu medo pelos trabalhos de Makoto. Como exaltar a percepção artística de uma obra magnífica como está, quando tudo está aqui, bem a sua frente para você mesmo sentir? Não há palavras que possam medir a paixão externa e a exultação interna que sentimos ao contemplarmos o trabalho desse cineasta.
A trilha sonora, como personagem coadjuvante fecha o cerco com suas trovoadas e passagens intensas. Cada nota musical realizada pelo trabalho de Daisuke Kashiwa e Daiki Yamaki, se transformam em gotas de chuva. Moldando a história em final, não trágico, mas esperançoso. Está por longe der um drama, mas sim uma fábula de como podemos encontrar a alma mais pura quando menos se espera, que nos transforma e faz crescer.
O Jardim das Palavras é, sem dúvida alguma, uma obra de arte.